quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

SEM TÍTULO - Ana Peluso

Momentum silêncio, ‘a revolução pelo silêncio
A volta do ‘quem perguntou
Tornar a falar sozinho
Mais uma vez
Retomar a palavra pássaro
do ar , água-fogo
da terra
Engolir palavra até
*
Não sei nada do seu mundo
e você sabe muito pouco do meu
Apesar de, aparentemente, respirarmos
*
Só a pele da distância nos separa
somos reféns da vida
a mesma que escamoteia os sonhos
e impede o voo da pedras
ou há dúvidas de que a pedra vive
triste condição a da pedra
para quem crê que liberdade é respiro
ninguém é livre em um mundo de sonhos
ninguém é livre ao acordar
ninguém é livre ao fingir que acordou
tanto o fingimento quanto os acordos
e os acordes
são meras representações cênicas
de uma melodia sem nome
que toma em cadência de origem desconhecida
passos até então também desconhecidos
somos soldados da vida
guardiões e a postos
quando é ela o sequestro
do que antes era nada
e só o nada é a liberdade
de se desenhar a única possibilidade
de novas formas de rendição
a tradição humana de pertencer
*
A flor que nasceu feia
mas flor
furou o asfalto
o tédio
o nojo
o ódio
a flor se perpetuou
proliferou-se pálida em maldição
mora no mundo e nas casas
nas coisas e nas pessoas
esfumaça-se no éter
perpassa a argamassa
carne
ossos
coração
mente
não ilude nem a um santo
e sem alarde
pétala ante pétala
faz-se objeto testemunho
anarquia do ódio de todos
http://anapeluso.tumblr.com/

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